segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Vamos viajar...

Não existem jantares, nem roupas, nem maquiagem, nem sapatos, nem carros... não existe nada que compense uma viagem.

Aconselho você - contra a vontade de quem repete o ditado que "conselho se fosse bom, não se dava, vendia" - a trocar qualquer luxo por uma viagem.

Uma viagem não se guarda na garagem, no armário, não carrega na bolsa. Você pode até colocar uma foto na sala, um chaveiro na porta, uma camiseta no corpo, mas nada supera o que se leva no coração.

A ansiedade da partida, a surpresa na chegada, a emoção do conhecimento, o encantamento da descoberta. Sào todos sentimentos que carregamos antes, durante, após e sempre, independente do tempo e das posses.

Para aqueles que não conhecem nada, para que ganhem conhecimento, para aqueles que - acham - que conhecem, para verem que na verdade não conhecem nada.

Com olhos livres de preconceitos, enxergamos outra cultura, seus hábitos, pensamentos, rotina, crenças e acontecimentos. Como pode um único mundo falar tão diferente e ser tão igual? Ou estar tão perto e ser tão diferente?

Não é preciso sair de seu próprio país para viver isso. Convido você a ir até uma cidade próxima e, na compania apenas de seus pensamentos, viver outra cultura. Experimentar falar como eles, comer como comem, respirar como respiram e, ao menos tentar, pensar como pensam.

Use seu coração para bombear seu sangue de modo diferente, perca-se em outra vida e se renove.

Duvido que você se arrependa.

E aí? As malas já estão prontas?

Dani Stathakis.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Lar ou residência?

Hoje cheguei em casa cedo, por milagre da vida, e resolvi fazer algo diferente.

Pela primeira vez não liguei a TV, nem o radio, nem o computador. Não abri a geladeira, não fui tirar a roupa do varal, nem guardar nada no armário. Sentei no sofá, no silencio possível (quem mora em apartamento sabe) e, contemplando meu cantinho comecei a absorver as lembranças ali presentes. Não me refiro aos porta-retratos, ao quadros ou bilhetes, mas as lembranças no ar.

De pessoas, de acontecimentos, de risadas, de lágrimas.... Dos copos derramados, dos pratos servidos, das reuniões feitas, das quedas – e quase quedas – das presenças e das ausências...

Mas nosso cantinho nem sempre é só nosso... às vezes dividimos com a família, com o amigo, com o namorado ou com o namorido, com o cachorro, com o gato, com o peixe, com o papagaio... às vezes contrariados, mas muitas vezes com muito gosto!!

E fiquei olhando o pequeno – que para os padrões imobiliários atuais até que não é tão pequeno assim – apartamento e analisando cada pedacinho. Como colocamos a nossa personalidade, nossos sonhos, nossos medos.

Depois de uma enxurrada de sensações que retornavam a cada lembrança e um longo suspiro desejei estar mais presente.

Passamos cerca de oito a dez horas por dia no trabalho, ao menos uma hora no transito ( para aqueles que tem muita sorte), uma hora tomando banho, comendo, se trocando (para os mais rápidos), e cerca de oito horas dormindo (para os privilegiados)... e no final das contas o que menos nos resta é tempo para curtir a casa!

Não é a toa que muitas pessoas fazem do trabalho e do carro a sua casa... tem estoque de comida, livro, roupas, sapato, fotos, música...

E fiquei me perguntando afinal.... nossa casa é lar ou residência?

Dani Stathakis.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Quem tem medo de Bicho Papão?

Essa semana conversava com uma amiga, que também se encontra solteira, e ela estava desabafando, contando sobre a pessoa que está saindo. O “casinho” tem apenas um mês, e ela se vê obrigada a ficar “cheia de dedos” com o que conversar com ele. “Não posso falar nada que ele já pensa que estou apaixonada e começa a se afastar. Parece até que já estou querendo planejar o casamento!”. Nada típico, não?

Por que será que essas pessoas temem tanto um relacionamento? Há uma fobia tão grande de não se envolver que não conseguem ver o que podem estar perdendo.

Num mundo onde tudo se encontra de ponta cabeça, onde não se confia em quem esta ao seu lado, as pessoas parecem perder a fé nelas mesmas. O sexo já banalizado, virou cena corriqueira de novela e os beijos são exclusivos dos pobres enamorados, que, iludidos, tolos, ainda se entregam para, depois de se tornarem rotina, serem abandonados como embalagens vazias. As amizades perdem seu valor, afinal o Orkut aponta que temos quase mil amigos.

Em tempos que deveriam trazer a busca do amor, homens e mulheres se enfrentam como leões, competindo quem é o mais esperto, quem engana mais. Será que estou enganada? Afinal, esse comportamento não pode trazer algo diferente de sofrimento, vazio e solidão.

Não entendo como alguém pode desejar viver sozinho, sem envolver-se com outro alguém. Como deve ser triste viver sem alguém para confiar, para dividir os medos, as alegrias, as inseguranças, até mesmo as contas! Abdicar os sorrisos de cumplicidade, os olhares de admiração, as cócegas brincalhonas, as mordidas de carinho, os abraços de desejo, dividir a cama num dia de chuva, a pipoca no filme, o chuveiro no escuro...

Não digo que seja possível não sentir medo, mas entregar-se é essencial. Sem medo de parecer bobo, de sair de coração partido... Todos deveríamos mergulhar de cabeça em tudo o que fazemos na vida... nas amizades, no trabalho, no relacionamento... Experimentar é a única maneira de sentir...

Eu mesma já passei por fases descrentes nas pessoas, no amor, nas amizades... ainda bem que podemos sempre rever nossas atitudes! E hoje prefiro optar por ser clichê e continuar acreditando que vale a pena acreditar em amor...

Dani Stathakis.

sábado, 5 de setembro de 2009

Aniversário

Estava refletindo sobre aniversário e, não posso dizer pelos outros, mas todos os anos eu travo uma batalha de amor e ódio com essa data.
Isso porque eu passo o resto do ano esperando que ele chegue, mas quando está chegando eu o detesto! Fico ansiosa para comemorar com os amigos, com a família... ao mesmo tempo que sinto vontade de me fechar no quarto e cobrir até a cabeça!
Afinal.... comemorar o quê?? Por que raios comemoramos aniversários???
Primeiro pensei que devemos é comemorar mais um ano de sobrevivência nesse mundo sem pé nem cabeça; em que terminar o dia com um emprego, um teto e sem nenhum arranhão deve mesmo ser celebrado!
Mas olhando por outro ângulo acho que a questão não é bem essa....
Aniversário é aquela data em que todos te ligam para desejar coisas boas, aquela data em que reúnem-se os amigos, em que se recebe lembranças, afinal... aquela data que te faz especial!
Em meio a centenas de milhões de habitantes, neste dia, você se torna especial. É o seu dia.... Você se torna o centro gravitacional de uma festa.... e como nos faz bem ser especial, não?
Sentimos que não somos somente mais um, mas fazemos diferenças para os amigos, para a família, para um alguém que também é especial para você....
Mas afinal de contas... por que então odiar este dia? Não gostamos de assumir as coisas, mas a verdade é que temos medo.
Medo de que não se lembrem, medo de que ninguém apareça, medo de fazermos papeis de bobos... medo de não ser especial... Medo de descobrir que aquela pessoa que faz tanta diferença na sua vida... Aquela, ou aquelas pessoas que são tão especiais para você 365 dias do ano não considerem você especial nem ao menos neste dia.
Criamos milhares de expectativas.... quem vai ligar.... o que vou ganhar.... será que vai ter festa surpresa?? - Atire a primeira pedra quem nunca torceu secretamente para ganhar uma festa surpresa... - E temos medo dessa expectativa não ser correspondida...
Muitos enchem a boca para dizer que não temem nada na vida... mas todos temos medo da decepção... Seja profissionalmente, seja com a família, com os amigos, com o cachorro....
Pensava que criando essa consciência ia ser mais fácil lidar com esse medo.... mas sinto lhe dizer, meu amigo... ele permanece!
Por isso, só o que tenho a dizer é que eu continuarei esperando....

Dani Stathakis